25.5.08

Para lá do que vi...

Sexta-feira à noite deparei-me com uma daquelas situações de que ouvimos falar, sabemos por isso que existem, mas custa-nos tanto aceitar que é como se não fizessem parte do nosso mundo.
No meio de um parque de estacionamento vi um indivíduo, aparentemente jovem, a bater numa rapariga. A primeira imagem foi a de um rosto a ser projectado e muitos gestos. Primeiro fiquei incrédula, sem saber se tinha visto bem, mas as dúvidas dissiparam-se ao vê-la tentar levantar-se do chão.
O que se passou depois foi estranho. A polícia estava pouco mais à frente, de sirenes acesas, não passando despercebida, como se soubesse que algo se estava a passar mas à espera não sei de quê. Assim que dissemos o que tínhamos visto, partiram.
Não sei que desfecho teve, mas ao longo deste fim de semana a imagem tem-me perseguido. O que leva uma jovem a estar com um indivíduo que lhe bate? E se foi a primeira vez, que certeza tem de que não será o começo do inferno?
Numa altura em que tanto se fala de violência doméstica, talvez seja ingenuidade minha pensar que não pode ter o rosto de jovens, mas pelos vistos pode, mas sobretudo acho que tem o rosto da tradição. Por mais open mind que estejamos, acho que a maioria continua a pensar na vida apenas aos pares, sujeitando-se.

1 comentário:

Tempus_Fugit disse...

A vida já nos dá porrada que chegue... Também me escapa à compreensão isso.