21.3.09

Dia Mundial da Poesia

Horas Rubras

Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata pelas estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve e branca e misteriosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca

18.3.09

Entre os livros

Gosto de livros com memórias. De através do que neles encontro perceber por que mãos passaram.

Bilhetes postais são uma constante, com letras mais ou menos perceptíveis, geralmente dirigidos a “Sorores”, fazem-me sempre lembrar a música dos Rio Grande (“Querida mãe, querido pai, então que tal?...”). Estou perante um de 1971, com um carimbo que diz “responda com verdade”, e que fala do frio que se faz sentir, de um tal Emanuel que foi bem na prova escrita, uma Teresinha que foi comungar (“ela está com muito juízo”) e uma ex-madraste que faleceu.
E viajo sem sair daqui.

12.3.09

Será que percebi?

«Foi ontem aprovada na Assembleia Municipal de Lisboa a compra de um edifício na Rua Augusta (Lisboa) para instalar o MUDE - Museu do Design e da Moda (e uma nova Loja do Cidadão). Será instalado no edifício da antiga sede do Banco Nacional Ultramarino e vai acolher a colecção Capelo (...).A abertura está prevista para finais de 2010.» in Fugas.

Então oferecemos o CCB ao Berardo e em troca compramos um edifício da Rua Augusta para albergar o museu que ficou sem espaço?
Dou por mim novamente a pensar na entrevista de Medina Carreira, em que referiu que só neste país é que casos mal contados como este (ele referia os custos da Casa da Música, do CCB e por ai fora) não são casos judiciais.

Esta questão já é uma velha luta por aqui.

10.3.09

Era giro

Escrever qualquer coisinha sobre a Barbie, que ontem fez anos e teve direito a tempo de antena um pouco por todo o lado.
Acontece que só fez 50. E 50 anos parecem-me quase nada atendendo a que o actual crescimento económico português é igual ao da primeira década do séc. XX. Quem o disse foi Medina Carreira, ontem entrevistado por Mário Crespo.

Cinquenta anos não passaram pela Barbie, assim como cem parecem não ter passado por nós.

2.3.09

Um filme que combina com o post anterior

Depois da invasão de sabores, uma invasão de cores e paisagens indianas através de The Darjeeling Limited.

O filme é de 2007, mas eu ando a descobrir as maravilhas dos canais de cinema da zon e a sua fantástica caixa que os grava (uma palavrinha aos senhores da cabo: já que me presenteiam com alguns canais, dá para trocarem o novo da tvi por um destes de cinema?).
Uma família disfuncional e excêntrica parte numa viagem espiritual rumo à Índia, a bordo do comboio The Darjeeling Limited, arrastam um conjunto de malas LV e um turbilhão de emoções, que se reunirão num confinado camarote. As representações são óptimas, mas a grande protagonista é a própria Índia.

1.3.09

A primeira expedição

Há já algum tempo que queria fazer uma pequena expedição por algumas mercearias do Martim Moniz, na semana passada a oportunidade surgiu.

As compras foram reduzidas ao mínimo, ou melhor, ao máximo que conseguia transportar na minha mala, porque a noite ia continuar aqui (absolutamente fantástico, recomendadíssimo).
A aposta foi nas especiarias.


A primeira refeição com alguns destes produtos foi um excelente caril tailandês, cuja receita adaptei a partir daqui. Não ficou particularmente fotogénico mas o sabor... dos melhores pratos que alguma vez fiz!


Ontem fiz frango tandoori, qualquer coisa tão complicada como: juntar um iogurte natural a uma colher bem cheia de tandoori masala, envolver, deixar marinar de um dia para o outro e assar. Muito bom!
Depois destas experiências estou conquistada, avizinham-se novas idas ao Martim Moniz e novos sabores, e cheiros, na minha cozinha.