21.3.09

Dia Mundial da Poesia

Horas Rubras

Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata pelas estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve e branca e misteriosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca

3 comentários:

Rubria Petra disse...

Tem uma certa impressão de Mário de Sá Carneiro. Ambos muito bons, rubros.Boa escolha! E hoje sobre a Água? :P

Cristal disse...

...
"Gosto da Noite imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!..."

Ana disse...

Rubria, dois grds optimistas até à/na morte... e com esta já meti água suficiente...

Crista, n conhecia, gostei!